terça-feira, 25 de outubro de 2011

Vigilância proíbe remédio que leva nome de Padre Cícero, no CE



Para vigilância, nome do padre é usado para aumentar as vendas.
Segundo especialistas em ervas medicinais, produto pode ser nocivo.


Técnicos da vigilância sanitária de Juazeiro do Norte, cidade no Sul do Ceará, fizeram inspeção nesta segunda-feira (24) para apreender remédios caseiros batizados com o nome de Padre Cícero e vendidos no comércio local.
A vigilância recolheu também a chamada "pomada Padre Cícero''. Os fiscais afirmam que a imagem de Padre Cícero é usada para aumentar as vendas do produto, que pode causar efeitos colaterais.
De acordo com o fiscal da vigilância sanitária Carlos Alberto de Azevedo, as substâncias são misturas de ervas embaladas em um frasco com rótulo e vendida como remédio. "A partir do momento em que você põe um rótulo e diz que serve para isso ou para aquilo, tem de haver uma responsabilidade técnica, que vai garantir que aquele produto tem qualidade", explica o fiscal.
Juazeiro do Norte é o maior centro religioso do Ceará e um dos principais do Nordeste. A cada ano milhões de pessoas visitam o município em devoção a Padre Cícero Romão Batista, fundador da cidade e santo popular, mesmo sem ser canonizado pela Igreja Católica.
De acordo com técnicos, os remédios Padre Cícero têm elementos como o amoníaco, que podem causar efeito colateral. Os comerciantes defendem que os produtos apontados como prejudiciais são usados apenas para conservar o remédio. "Nós usamos arueira, baço, ameixa, todos remédios para cicatriz. Depois é só cozinhar e fica pronto", diz o comerciante José Ramos, que afirma que o produto não causa efeito colateral.
A proibição desagradou os comerciantes. Eles alegam que o remédio é vendido há décadas na região e que a satistação dos romeiros que visitam a cidade é prova da qualidade dos medicinais Padre Cícero. "Sempre que venho a Juazeiro do Norte compro o bálsamo Padre Cícero. Eu uso para passar mais as dores, e para mim serve", diz a romeira Gilerne Fernando, da Paraíba.
"Produto tradicional"
Devido à tradição dos produtos na região, a vigilância sanitária promoveu um encontro dos comerciantes com especialistas no assunto para convencê-los de que uso de remédios caseiros é perigoso. O encontro foi realizado por administradores do comércio da região do Horto e conduzido pelo coordenador do Centro Nordestino de Medicina Popular, Celerino Carrionde, que trabalha com ervas medicinais há 30 anos.
"Não se pode usar esse remédio. Ele é perigoso e pode causar efeitos colaterais. A gente quer produtos que tenham maior eficácia e segurança. Ele pode até ser eficaz, mas não é seguro", diz Carrionde. O especialista em ervas medicinais esclarece que o uso de uma planta medicinal isoladamente é regular, mas a mistura de ervas e venda precisa da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Carrionde sugere aos comerciantes populares do Horto que se reunam em associação para fabricar o remédio com controle de qualidade e autorização da Anvisa.

Fonte: G1

Por Márcio Melo

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