O Rio Grande do Norte registrou cinco crimes sexuais dentro de unidades de saúde desde janeiro de 2022. Os dados oficiais são da Polícia Civil do estado .
A Polícia Civil também registrou três casos de importunação sexual que ocorreram em ambiente hospitalar.
Outro caso de estupro registrado pela corporação não teve o tipo de unidade de saúde especificado.
A polícia não divulga informações sobre as pessoas envolvidas e diz que as investigações dos crimes correm em segredo de Justiça.
"Nesse ano, por exemplo, existe um um caso de investigação de possível estupro, mas existe toda uma investigação sigilosa e a gente não pode dizer quem são os envolvidos, se é profissional de saúde ou não", explicou a coordenadora das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, Paoulla Maués.
Ao todo, o estado teve 312 casos de estupro, entre janeiro e junho, e 213 casos de estupros de vulneráveis no mesmo período.
'Não é um crime corriqueiro', explica delegada
A delegada Paoulla Maués, coordenadora das DEAMs, explicou que os crimes contra a dignidade sexual em ambientes de saúde não são crimes que ocorrem com frequência.
"Não é um crime corriqueiro. Ocorrer crime contra a dignidade sexual em ambiente de hospitais, de clínica, não é corriqueiro. A gente não tem grandes registros disso. Esse ano a gente teve um possível caso de estupro, que não foi confirmado, está ainda em investigação. Então não é algo comum" explicou.
Em 2021, ocorreram 11 crimes sexuais nas unidades de saúde do estado. Ao longo do ano não foram registrados casos de estupro, mas houve três denúncias de assédio sexual e oito de importunação sexual.
Enquanto os três casos de assédio ocorreram em hospitais, as importunações foram registradas em ambientes diversos, como clínicas médicas (3), hospitais (3), consultório dentário (1) e outro em uma unidade de saúde não especificada.
A coordenadora das DEAMs avalia que esse tipo de crime não aumentou ao longo dos anos, mas acredita que há uma subnotificação no que diz respeito ao registro.
"Nesse caso, há uma subnotificação. Até porque a natureza do crime sexual, independente de onde tenha sido praticado, já ocorre bastante essa subnotificação. A vítima precisa ter uma garantia de proteção, ela precisa ter uma confiabilidade, fora isso a divulgação desse fato é muito danoso para a vítima. Então, como abala demais o psicológico, a intimidade da vítima, é mais difícil chegar até um registro de uma denúncia. Então há uma subnotificação. Isso é fato", explicou.
Como denunciar
Quando a vítima sofrer um crime de importunação sexual, é possível realizar a denúncia pela internet, na própria Delegacia Virtual da Mulher.
Já em casos de estupro, é necessário procurar uma das Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAM) do Rio Grande do Norte.
"A gente faz o o protocolo de atendimento, faz o encaminhamento para perícia técnica e vai coletar todas as demais provas, sejam testemunhais, sejam periciais, para poder subsidiar a denúncia que é feita pelo Ministério Público", explicou a coordenadora das DEAMs, Paoulla Maués.
A delegada explica que Polícia Civil também tem uma parceria com uma universidade para o acompanhamento e acolhimento da mulher que denunciar o crime. "A Polícia Civil não fica limitada só à repressão qualificada, mas ela também se preocupa com o psicológico da vítima", explica.
Caso seja do interesse da vítima, ela é encaminhada para um atendimento multidisciplinar. "Eles têm ginecologista, psicólogo, psiquiatra, tudo parra fazer o acompanhamento, caso ela queira".
"A função maior da polícia nesses casos de dignidade sexual é o acolhimento, a proteção, e depois a repressão".
Caso de repercussão nacional
O tema veio à tona depois que um médico anestesista foi preso em flagrante, por estupro, no Rio de Janeiro, na última segunda-feira (11).
O profissional foi filmado abusando de uma paciente enquanto ela estava dopada e fazia uma cesariana no Hospital da Mulher Heloneida Studart em Vilar dos Teles, São João de Meriti, município na Baixada Fluminense.
*Do G1 RN
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