terça-feira, 1 de abril de 2014

Forças Armadas vão investigar centros de tortura da ditadura

Danilo Verpa/Folhapress

Bol - As Forças Armadas irão instaurar sindicâncias para investigar violações de direitos humanos dos em unidades militares durante a ditadura. A informação foi dada nesta terça-feira (1º) pelo assessor da CNV (Comissão Nacional da Verdade), Daniel Josef Lerner, em ato público na Câmara dos Deputados  em memória à resistência ao golpe civil e militar de 1964.

Segundo Lerner, Pedro Dallari, coordenador da CNV, foi comunicado hoje pelo ministro Celso Amorim (Defesa) da instauração de inquéritos por parte das Forças Armadas sobre a atuação de militares em centros de tortura durante a ditadura.
O assessor da CNV também afirmou o coronel reformado Paulo Malhães deu um depoimento sobre a sua atuação na ditadura ao colegiado. O militar prestou um depoimento de 20 horas à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e contou como desaparecia com os corpos das vítimas da Casa da Morte, centro de tortura clandestino do Exército em Petrópolis (RJ).
De acordo com reportagem do jornal "O Globo", que teve acesso ao depoimento de Malhães à comissão, dedos das mãos e arcadas dentárias eram arrancadas para evitar identificação. Os corpos eram enrolados em plásticos e jogados no fundo do rio. Antes, o abdômen dos corpos era aberto para que, se inchados, não boiassem.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) também vai solicitar ao Supremo Tribunal Militar que arquivos referentes à ditadura, impressos e em mídia digital, fiquem sob a custodia do Arquivo Nacional ou do Supremo Tribunal Federal.
"Estamos somando esforços para que esses arquivos sejam acessados por todos os cidadãos", afirmou Eduardo Antônio Leão Coelho, membro da Comissão Especial da Memória, Verdade e Justiça do Conselho Federal da OAB.

Ato na Câmara

O ato público em memória à resistência ao golpe civil e militar de 1964, promovido pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados reinstalou a Comissão Parlamentar da Verdade.
O grupo foi criado em 2012 e promoveu a devolução simbólica dos mandatos dos 173 deputados federais cassados pela ditadura em dezembro passado. Também promoveu a devolução simbólica do mandato do presidente deposto pela ditadura João Goulart.
Para o presidente da comissão, deputado Assis do Couto (PT-PR), a comissão da verdade tem a responsabilidade de restabelecer a memória de país. 

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