terça-feira, 25 de abril de 2017

Seca e insegurança continuam castigando interior do Estado, diz presidente da Faern

açude

Seis anos após o Rio Grande do Norte entrar em uma das piores crises de seca de sua história, o quadro geral não parece melhorar. Apesar das chuvas que têm beneficiado o estado no começo deste ano, inclusive, aumentando o nível dos reservatórios potiguares, há quem não veja um progresso grandioso no processo de recuperação. É o caso de Zé Vieira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), que avalia como incalculáveis os danos causados pela crise da seca, principalmente no tocante à continuidade da produção agrícola.

“O prejuízo é incalculável. Quero lembrar que são seis anos de seca e o que percebemos é que os produtores estão abandonando suas produtividades e fechando suas propriedades”, disse o empresário, que indicou um novo elemento responsável por piorar a situação do produtor rural: a insegurança. “Não é apenas a questão da seca, como também a falta de segurança. Estamos completamente sem proteção no meio rural. Há casos de arrombamentos e assaltos, e avalio que isso tem desestimulado o produtor rural. Tudo isso é muito grave para o nosso estado”, lamentou.
Como presidente da Faern, Zé Vieira tem a missão de pensar e viabilizar iniciativas que, de fato, virem a maré a favor da produção agrícola. Nesta semana, ele se encontra em Brasília para tratar com o governo acerca de milho. Um de seus triunfos foi conseguir abaixar o seu preço para os potiguares. “Estamos trabalhamos mais uma vez junto ao governo federal em relação à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Conseguimos abaixar o preço do milho para R$ 33”.
A estada de Zé Vieira em Brasília, todavia, não tem sido avaliada como positiva de todo, isto porque ele constatou que o Ministério da Agricultura tem se colocado no caminho dos pequenos e médios agricultores ao utilizar um critério diferenciado de módulos fiscais – unidade de medida, em hectares, com preço fixado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) –, na hora de comercializar o milho.
“Infelizmente, o Ministério da Agricultura está descriminando o pequeno e o médio agricultor; proibindo o acesso à compra de milho na Conab. Por isso, estamos informando ao governo e ao ministério que não pode haver essa limitação. Eles usaram um critério voltado para os agricultores familiares que possuam somente até quatro módulos fiscais. Na região de São Paulo de Potengi, por exemplo, o módulo fiscal é de 35 hectares; quatro módulos seriam 140 hectares. Com isso, tenho mostrado ao governo que no semiárido nordestino, tamanho de terra não representa tamanho de produtor. O produtor de 2 mil hectares da região central já é pequeno. É muito melhor ter dez hectares do Agreste do que 2 mil hectares no Sertão. Não pode ter essa discriminação; estamos no sexto ano de seca e as chuvas não estão consolidadas. A situação da região do Potengi é gravíssima; não choveu nada lá. Contudo, estamos confiantes de que nos próximos dias essa questão esteja resolvida e que o pequeno e médio agricultor do Rio Grande do Norte possa comprar milho na Conab”, pontuou Zé Vieira.

Agenda tem foco na alavancagem da produção agrícola do RN
O empresário, produtor e presidente da Faern não terá muito tempo de descanso após seus compromissos em Brasília. A partir desta semana ele viaja pelo Brasil em diferentes missões, mas todas com o mesmo objetivo: alavancar a produção agrícola no Rio Grande do Norte, seja através de estudos, equipamentos ou demonstrações da potencialidade do estado.
“Viajarei primeiro para Petrolina, no Pernambuco. Será uma missão da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), onde estarei presente por ser presidente da Comissão Nordeste da CNA. Estaremos recebendo dez países ativos agrícolas e seus especialistas em comércio exterior, ou seja, embaixadores, para mostrar o potencial da fruticultura brasileira e abrir novos mercados. Durante a semana, vamos recepciona-los e leva-los a visitas a empresas produtoras, inclusive, de uva e manga. Tudo isso para demonstrar o potencial brasileiro”.
Em seguida, ele participará do ExpoZebu – considerada a maior exposição de zebuínos –, em Uberaba, Minas Gerais, que ocorre entre os dias 29 de abril a 7 de maio. Lá, ele vai inaugurar o espaço físico da Confederação Nacional da Agricultura e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural; o Senar. Por fim, o empresário participará do Agrishow, Feira Internacional de Tecnologia Agrícola, que ocorre em Ribeirão Preto, São Paulo, entre os dias 1º a 5 de maio. “Por lá, estamos indo buscar informações sobre projetos; equipamentos de irrigação e o que há de inovação no setor, para que possamos, justamente, trazer essas informações para o estado e, a partir disso, construir programas voltados para o nosso semiárido”, concluiu Zé Vieira.


* JP

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