Bala atravessou a cabeça da menina atingida ao defender o pai, diz médico
Justiça decretou a prisão temporária do dono da pizzaria, que está foragido.
Garota de 11 anos continua internada na UTI em estado gravíssimo.
Médicos do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) explicaram, nesta quarta-feira (1º) que é delicado o estado de saúde da menina de 11 anos baleada ao tentar defender o pai, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Eles informaram que a bala atravessou a cabeça da criança. Segundo o neurocirurgião Marcos Spadoni, a recuperação é considerada difícil: "Existem chances pequenas, mas elas existem. Menos de 10% de sobrevida".
De acordo com o médico, a bala entrou pelo lado direito e saiu pelo esquerdo da cabeça. Isso causou uma lesão gravíssima e um coágulo, que foi retirado em cirurgia no domingo (28), mas a vítima ainda não apresentou sinal de evolução.
Conforme o último boletim médico, divulgado na manhã desta quarta-feira, a menina baleada está internada em estado gravíssimo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hugo. Ela respira com a ajuda de aparelhos.
Foragido
A menina foi ferida no último sábado (27) durante uma briga entre o seu pai e o dono de uma pizzaria, na Vila Alzira. O suspeito teve a prisão temporária decretada na noite de terça-feira (30). Como a polícia não conseguiu encontrá-lo e o comerciante não se entregou até o início da tarde desta quarta-feira (1º), ele é considerado foragido.
O crime foi registrado por câmeras do sistema de segurança do estabelecimento e por imagens de celular, feitas por um cinegrafista amador que passava pelo local. O vídeo da pizzaria mostra quando o pai da garota sai do comércio, mas continua na calçada, próximo à entrada do local.
O comerciante, armado, vai em direção à família. As imagens registram a vítima e uma irmã abraçando o pai quando veem a arma apontada para ele. Então, o suspeito atira uma vez. A os três fogem e o homem efetua mais dois disparos. Dois tiros atingiram a adolescente, um na perna e outro na cabeça. O atirador ainda tenta se aproximar, mas acaba entrando no carro e fugindo.
Uma equipe da TV Anhanguera esteve no bairro o suspeito trabalha, mas os vizinhos afirmam não sabem onde ele se encontra. "A essa hora ele já tinha vindo aqui, arrumado as coisas dele. Estranhei, porque ele era uma pessoa muito trabalhadora", conta o vizinho Antônio Augusto. Inclusive, na sorveteria de um cunhado, o parente afirma que o viu pela última vez no sábado, quando se apresentou à polícia.
Revólver
Além de decretar a prisão temporária do comerciante, o juiz Leonardo Fleury determinou a busca e apreensão do revólver usado por ele no crime. O magistrado considera a arma imprescindível para esclarecer o que aconteceu.
Segundo o juiz, justificam a custódia temporária do suspeito dois fatores. Um deles é o fato de ele não ter apresentado a arma do crime quando ele se apresentou espontaneamente no 4° Distrito Policial deAparecida de Goiânia. Outro motivo apontado pelo magistrado é que o comerciante não foi encontrado pela autoridade policial que tentava intimá-lo para prestar novos esclarecimentos.
Na segunda-feira (29), o suspeito se apresentou espontaneamente no 4º DP de Aparecida de Goiânia acompanhado de um advogado. Em depoimento, ele confessou que efetuou os disparos, mas alegou que agiu em legítima defesa. Ele foi ouvido e em seguida liberado.
"Ele disse que o pai da vítima fez um movimento como se fosse sacar uma arma da cintura. Pelas filmagens, nós já averiguamos que isso não aconteceu", explicou Marcela Orçai.
Sem se identificar, a irmã da jovem baleada também discordou que tenha havido qualquer tipo de reação e disse que eles pediram apenas que o rapaz não atirasse. "Pedimos para ele abaixar a arma. Ai ele respondeu: 'Vocês não vão sair da frente não ?' Nós não saímos, ficamos abraçadas a ele. Quando penso que não, ele pegou e atirou", recorda.
Investigação
A delegada Marcela Orçai informou que já realizou algumas diligências e que alguns comerciantes próximos ao local onde aconteceu o crime já foram intimados a comparecer à delegacia.
Ela explicou por que mesmo confessando o delito, o homem não ficou preso: "Existe uma previsão no Código de Processo Penal em que a apresentação espontânea do suspeito evita o flagrante".
Orçai não crê que a apresentação de forma voluntária seja um indício de que o suspeito queira colaborar com as investigações. "Acho que essa não é a intenção dele, pois a arma do crime ainda não foi apresentada", diz.
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