segunda-feira, 1 de abril de 2013

Nordeste domina ranking das cidades com mais armas de fogo do Brasil


Estudo do Ipea aponta “corrida armamentista” na década de 1980 para garantir proteção pessoal


AP Photo

A região Nordeste concentra a maior parte das cidades com o maior número de armas de fogo no Brasil. Em 2010, dos 20 municípios com mais armas de fogo do País, 13 estavam no Nordeste, de acordo com um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado nesta segunda-feira (1º).  

Para medir a quantidade de armas de fogo, o Ipea informou que o levantamento usou a proporção de suicídios e homicídios por arma de fogo, em relação ao total, para microrregiões do Brasil com mais de 100 mil habitantes. Uma microrregião pode conter mais de uma cidade.  
A liderança do ranking pertence à microrregião de Itamaracá, em Pernambuco, onde vivem cerca de 165,8 mil pessoas e a taxa de homicídio é de 60,3 para cada 100 mil pessoas.  
João Pessoa (PB), onde a população supera 1 milhão de pessoas e a taxa de homicídio é de 77,1, aparece em segundo lugar. O terceiro posto pertence a Pacajus (CE), onde vivem 117 mil pessoas e a taxa de homicídio é de 27,3 para cada 100 mil pessoas.  
De acordo com o Ipea, “após o aumento da taxa de criminalidade que se deu a partir do começo dos anos 80 no Brasil, que seguiu a reboque dos profundos problemas econômicos no país, iniciou-se uma verdadeira corrida armamentista em que a população, descrente na possibilidade do Estado garantir a segurança física e patrimonial, tentou por vias próprias garantir a sua proteção”.  
— Nesse período observou-se a expansão vertiginosa da indústria de segurança privada e também da difusão de armas de fogo.  
O estudo relembra também que houve uma interrupção na busca por armas de fogo no Brasil no início dos anos 2000, mais precisamente em 2003, quando foi sancionado o ED (Estatuto do Desarmamento).  
— Ainda que a Lei do ED seja de âmbito nacional, o controle das armas de fogo não necessariamente ocorre de maneira uniforme entre as unidades federativas, uma vez que a potência da Lei depende em parte da atuação e das políticas de coerção implementadas pelos governos e polícias estaduais.  
Na contramão
Por outro lado, entre as microrregiões com o menor número de armas de fogo em 2010, 12 estavam no Sudeste. A liderança pertence a Barreiras, na Bahia, onde moram 286,1 mil pessoas e a taxa de homicídio é de 0,7 para cada 100 mil pessoas.  
A segunda posição é de Barbacena (MG), onde há 221,9 mil habitantes e a taxa de homicídio é de 2,3 para cada 100 mil. Na terceira posição, aparece a microrregião de Médio Parnaíba Piauiense, região onde moram 130,8 mil pessoas e a taxa de homicídio é de 5,4 para cada 100 mil pessoas.  
Na conclusão, o estudo do Ipea indica que  “há evidências que a difusão da arma de fogo concorre para o aumento da taxa de homicídios nas localidades e não possui efeito sobre a taxa de crimes contra a propriedade”.


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