WASHINGTON, 27 Jun (Reuters) - O Senado dos EUA aprovou na quinta-feira um importante projeto que abre caminho para legalização de milhões de estrangeiros em situação clandestina, mas o presidente da Câmara alertou que o texto não tem chance de aprovação entre os deputados.
Numa rara demonstração de bipartidarismo, o Senado, controlado pelos democratas, aprovou o projeto por 68 x 32 votos, o que incluiu o voto favorável de 14 dos 46 republicanos.
Mas antes mesmo da votação do presidente da Câmara, John Boehner, havia enfatizado que os republicanos irão apresentar um projeto próprio, que "reflita o desejo da nossa maioria" no sentido de impedir a concessão de cidadania a estrangeiros que hoje estão irregularmente nos EUA.
O projeto que tramitará na Câmara provavelmente dará grande ênfase à segurança na fronteira e a detecção de imigrantes que tenham permanecido no país sem um visto válido. "A reforma imigratória precisa estar assentada sobre a verdadeira segurança da fronteira", disse Boehner.
A votação no Senado ocorreu diante de uma galeria lotada de partidários da reforma, incluindo mais de cem filhos de imigrantes ilegais.
O presidente Barack Obama elogiou o projeto, que segundo ele consegue equilibrar uma rigorosa segurança fronteiriça com um caminho para uma "cidadania conquistada" para estimados 11 milhões de indocumentados. "Hoje o Senado fez o seu trabalho. Agora cabe à Câmara fazer o mesmo", disse Obama em nota.
Na última década, houve várias tentativas de reformar a lei migratória de 1986, permitindo que os EUA tenham mais acesso à mão de obra estrangeira. Grupos empresariais e sindicais se puseram de acordo sobre o novo sistema de vistos, mas houve forte polêmica sobre a necessidade de controlar melhor a fronteira, e sobre o prazo que os indocumentados terão de esperar antes de poderem legalizar sua situação e pleitear cidadania.
Ao contrário do que ocorre no Senado, os republicanos têm maioria na Câmara, e dificilmente aceitarão uma reforma imigratória abrangente - o que é uma das prioridades do governo Obama.
Na quarta-feira, para garantir o apoio da oposição, os senadores já haviam aprovado uma emenda que previa gastos de 46 bilhões de dólares em dez anos para a segurança na fronteira dos EUA com o México, com a contratação de 20 mil novos agentes e a conclusão das obras de uma cerca de quase 1.200 quilômetros.
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