Pelo menos quatro pessoas foram baleadas na noite de Natal em comunidades na Região Metropolitana do Rio de Janeiro –sendo duas delas em área de UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).
Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, um adolescente foi atingido no ombro na localidade conhecida como AP dos PMs, na Cidade de Deus, zona oeste do Rio, enquanto fogos eram ouvidos próximo ao local onde ele mora na madrugada desta quarta-feira (25). Não há registro de confronto no local.
O jovem foi socorrido e encaminhado para UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Cidade de Deus e, em seguida, para o Hospital Municipal Lourenço Jorge. Ele já foi liberado e passa bem.
Também durante os fogos, uma mulher foi atingida de raspão na perna na favela do Jacarezinho, enquanto estava em casa. Ela foi socorrida e encaminhada para o Hospital Salgado Filho e passa bem. Segundo a UPP, também não houve confronto.
Além disso, uma criança de dois anos foi atingida na cabeça, aparentemente por uma bala perdida, no Morro da Chácara, em Niterói, na noite de terça-feira (24). Breno Freire foi baleado quando chegava à comunidade com a família para passar a noite de Natal. O menino está internado no CTI pediátrico do Hospital das Clínicas de Niterói em estado grave.
Breno sofreu uma lesão no crânio e passou por um procedimento de drenagem ao chegar no hospital. Não foi feita nem está programada uma cirurgia. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, a bala não ficou alojada na cabeça. A criança está em observação, respira espontaneamente e está lúcida. Não há previsão de alta.
E, na comunidade da Carobinha, na zona oeste do Rio, outra criança foi baleada no final da noite. A Polícia Militar não soube informar o estado de saúde da vítima.
Menina morta em casa
Na manhã da última segunda-feira (23), uma menina de 12 anos foi atingida por um tiro na comunidade Para Pedro, em Irajá, zona norte do Rio de Janeiro, durante ação da PM, e morreu. Ela foi enterrada na tarde de terça (24).
Maria Eduarda Sardinha foi baleada dentro de casa durante tiroteio na comunidade. Segundo a Polícia Militar, três PMs entraram em confronto com bandidos na localidade conhecida como Santinho. Além de Maria Eduarda, o tio dela sofreu um ferimento no braço, e um garoto de sete anos também foi atingido, sem gravidade.
Moradores da favela, no entanto, afirmaram ao telejornal "RJTV" que a polícia já chegou ao local atirando e que não houve troca de tiros. "Só deu tempo de falar 'abaixa'. Quando abaixamos, aí o tiro começou. Não teve troca de tiros, não tinha traficante, só tinha moradores saindo pra tomar café", contou uma moradora.
Um homem que não quis se identificar também disse que não houve confronto. "Eu nego e afirmo que não houve confronto com ninguém. Eles chegaram e atiraram", afirmou. Segundo as investigações da DH (Divisão de Homicídios), a bala que atingiu a menina atravessou a parede da casa e a geladeira.
Cinco anos de UPP
Cinco anos após a implantação da primeira UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), o projeto expulsou traficantes e reduziu o número de homicídios e a taxa de criminalidade nas 36 unidades beneficiadas, espalhadas por 27 comunidades do Rio de Janeiro, além de estar relacionado a uma melhoria dos índices de educação.
Apesar dos avanços, o processo de pacificação ainda recebe críticas, sobretudo quanto à urgência do que moradores e especialistas consideram ser o "segundo passo", com a oferta e melhoria de serviços básicos como saúde, creches, saneamento, iluminação pública, correios e coleta de lixo.
* Reprodução Márcio Melo
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