segunda-feira, 31 de março de 2014

Epidemia "sem precedentes" de ebola já matou 78 pessoas em Guiné

O surto de ebola em Guiné, que matou 78 pessoas e já se estendeu à Libéria e Serra Leoa, aparece como uma "epidemia sem precedentes", advertiu nesta segunda-feira (31) a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF).
O coordenador da MSF em Conacri, Mariano Lugli, afirmou que a "epidemia de uma magnitude nunca vista antes em termos de distribuição de casos no país".

— A vasta propagação do surto na Guiné é preocupante porque complicará e muito o trabalho das organizações que se esforçam para controlar a epidemia.
O vírus se concentra em quatro lugares da Guiné: Gueckedou, Macenta Kissidougou, Nzerekore e Conacri.
— Até o momento, as autoridades sanitárias guineanas contabilizaram 122 possíveis casos e 78 mortes.
Esses números são superiores aos divulgadas ontem pelo presidente do país, Alpha Condé, que confirmou 72 mortes e 112 casos de pacientes infectados em uma mensagem dirigida à nação.
— A ajuda da comunidade internacional permitiu adotar todas as medidas necessárias para conter o vírus.
Ao contrário do otimismo das palavras do presidente, a MSF — que trabalha em Guiné desde 2001 - precisou hoje que o surto que castiga o país é "do tipo Zaire do ebola", que representa "a forma mais agressiva e letal conhecida do vírus". Entre cada dez pessoas afetadas por esse tipo citado, "mais de nove acabam morrendo", apontou o epidemiologista da organização Michel Van Herp, que atualmente se encontra na zona de Gueckedou.
— Para deter o surto é importante rastrear a cadeia emissora de transmissão. Todos os contatos de pacientes que puderam ser contagiados deveriam ser supervisionados e isolados perante o primeiro sinal da infecção.
A ONG lembra que, "atualmente, não há nenhuma vacina ou tratamento bem-sucedido estabelecido contra o ebola". O comunicado da MSF foi emitido depois que a OMS (Organização Mundial da Saúde) confirmou que o surto do ebola também se estendeu à Libéria, onde exames clínicos confirmaram dois casos.
Em Serra Leoa, que também faz fronteira com Guiné, as autoridades identificaram dois casos suspeitos, sendo que ambas as vítimas morreram. Senegal, outro Estado fronteiriço, ordenou ontem o fechamento de suas fronteiras com a Guiné para evitar a propagação do vírus em seu território.
No último sábado, o cantor senegalês Youssou Ndour cancelou uma apresentação em Conacri devido ao surto de ebola, que se manifestou na remota Região Florestal (sudeste) e, posteriormente, chegou à capital Conacri, cidade com cerca de dois milhões de habitantes.
O vírus do ebola, que surgiu pela primeira vez em 1976 no Zaire (atual República Democrática do Congo) e Sudão, é transmitido por contato direto com o sangue ou fluidos e tecidos corporais das pessoas ou animais infectados. O tipo do ebola originário do Zaire tem um dos índices de mortalidade mais elevados — em torno de 90% — entre os vírus patológicos humanos. O ebola, que causou várias mortes na África nos últimos anos e é uma ameaça para a saúde global, também é considerado como um possível agente de guerra biológica.
Fonte: R7

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