quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Mulheres já controlam 38,7% dos domicílios brasileiros, diz IBGE

 

Maior escolaridade, mais trabalho e novos arranjos familiares são estímulos


RIO - As mulheres já estão à frente de 38,7% dos domicílios brasileiros, apontou o Censo 2010. Uma aumento substancial: há dez anos, eram 24,9% dos lares. Aumento de escolaridade, mortalidade menor entre elas, novos arranjos familiares e maior participação feminina no mercado de trabalho ajudam a explicar o movimento. Além disso, cresce no Brasil, segundo o IBGE, o número de residências em que há responsabilidade compartilhada - agora está em 29,6% do total.
- As mulheres têm um padrão de escolaridade que supera o dos homens, a inserção delas no mercado de trabalho é algo de décadas, mas os salários ainda são menores. Conforme aumenta a participação da mulher no mercado de trabalho, ela ganha força como responsável pelos domicílios - afirmou Wasmália Bivar, presidente do IBGE, que completou: - Quando realizamos pesquisas e perguntamos pelo responsável da residência, muitas mulheres diziam que naquele domicílio a responsabilidade era compartilhada. O fato de ela trazer recursos contribui para a sustentação do domicílio e elas ficam cada vez mais importantes.
Wasmália lembra que essa realidade é favorecida por novos arranjos familiares. O IBGE aponta que 15,1% dos núcleos familiares são formados por "mãe com filhos", contra 2,3% de "pai com filhos", 61,9% de "casal com filhos" e 20,7% de "casal sem filhos". E, mesmo na categoria "casal com filhos", há 8,4% das casas em que os filhos são de apenas um dos cônjuges, o que demonstra o recasamento. Há ainda 0,1% de domicílios com cônjuges do mesmo sexo.
- Isso já é uma tendência que vem se apresentando ao longo do tempo. E também é resultado de novos arranjos como as mulheres solteiras morando sozinhas e mulher morando com os filhos - disse Vandeli Guerra, consultora do IBGE.
 
Salário masculino ainda é 42% maior que o feminino
Apesar dos avanços da mulher na liderança dos lares, os homens seguem ganhando por mês 42% mais do que as mulheres - R$ 1.395 contra R$ 984. Na mediana (que representa até quanto ganha a metade do segmento analisado), segundo o Censo, a distância é ainda maior de 50% (R$ 765 contra R$ 510).
- Os 42% de diferença entre a renda média de homens e mulheres não é controlado por nível de estudo. É apenas hoje que as meninas vão melhor na escola que os meninos. Temos no mercado de trabalho todo o estoque de desigualdade entre homens e mulheres. Mas temos também o principal, que é a discriminação. Esse é o principal ponto dos 42% de diferença - comentou Flavio Comin, consultor do Pnud.
 
- Nas próximas décadas, o Brasil poderá observar uma mudança de paradigmas por causa do avanço da escolaridade entre as mulheres. Com mais anos de estudo do que os homens, elas vão avançar mais no mercado de trabalho e, assim, ter seu poder de decisão igualado ao do homem. A igualdade não virá pela redução do machismo, mas pelo aumento da escolaridade - disse Marcelo Medeiros, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Quase 40% das famílias têm carro e 38% têm computador
Mas a revolução não ocorre apenas no núcleo familiar, que viu sua média de moradores cair de 3,7 pessoas por domicílio em 2000 para 3,3 pessoas no último levantamento. O censo 2010 aponta que 12,2% das casas no Brasil eram habitadas apenas por uma pessoa, número 41% acima do registrado em 2000. Para o IBGE, parte desse fenômeno é decorrente do forte envelhecimento da população. A capital com mais moradias individuais é Porto Alegre (21,6%), seguido do Rio e Florianópolis (17,5% cada uma). Teresina, com 8,6% do total, é a cidade com menos residências individuais.
O Censo indica ainda que 39,5% dos domicílios contavam com automóvel para uso particular, contra 32,7% há uma década. O percentual é quase o mesmo de casas com computadores: 38,3%, contra 10,6% em 2000. Outra forte expansão foi no número de casas com máquinas de lavar roupa: de 32,9% para 47,2%.

 
Fonte: O Globo

Por Márcio Melo

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