Sobe para 23 o número de crianças intoxicadas por nitrito no leite em SC
Número foi divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC.
Leite estava contaminado com Nitrito, produto químico conservante.
Até às 15h desta segunda-feira (24) foram diagnosticados 23 casos de crianças intoxicadas por leite contaminado por Nitrito, da marca Holandês, em Santa Catarina. Por precaução a vigilância sanitária proibiu a venda de todos os produtos da marca. O número foi divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica no final da tarde desta segunda (24).
O número de casos confirmados pelo governo desde quinta-feira (20) são: seis em Navegantes, seis em Florianópolis, três emTubarão, três em Balneário Camboriú, dois em Penha, um em Joinville, um em Itapema e um em Piçarras. De acordo com Marlene Zannin, professora de Toxologia da UFSC e supervisora do Centro Informações Toxicológicas (CIT) de Santa Catarina, o Nitrito é um produto químico, utilizado como conservante.
O primeiro sintoma da intoxicação pela substância é a cianose, ou seja, mudança da coloração da pele para tons e de azul e roxo, principalmente na ponta dos dedos, embaixo das unhas, e ao redor dos lábios. Isso ocorre por uma reação no sangue causada pela substância. "A hemoglobina, que transporta oxigênio no sangue, quando entra em contato com o Nitrito é transformada em metahemoglobina, e para de transportar oxigênio. Por isso, a pessoa começa a ficar com partes do corpo roxas, é por que falta oxigênio no sangue" explica Marlene.
Segundo a professora, o segundo sintoma está associado a dor de cabeça, fraqueza, dificuldade de respirar, podendo haver desmaio e tontura. Porém, estes sintomas só correspondem a uma intoxicação por Nitrito se estiverem associados à cianose. Nas crianças, a absorção é mais rápida, e em casos de ingestão de doses mais altas, os primeiros sintomas podem aparecer em até uma hora. Mas, se houve ingestão da substância e os sintomas não aparecerem, não há com o que se preocupar.
O Centro de Informações Toxicológicas orienta que quem consumiu o produto fique em alerta, observando a reação e, diante de qualquer sintoma, procure o Centro de Informações Toxicológicas ou a unidade de saúde mais próxima. Há um telefone com médicos de plantão e informações no site. "O CIT tem plantão 24h. Estamos recebendo diversas ligações e orientando as pessoas sobre esta intoxicação" explica Marlene.
O estado montou uma força tarefa, com funcionários da Vigilância Epidemiológica, Sanitária e Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina) e interditou provisoriamente a fábrica Papenborg Laticinios Ltda, com sede em Biguaçu. Todos os os produtos da marca 'Holandês' foram retirados no mercado.
Conforme Luiz Carlos Custódio, responsável técnico da marca, a empresa também está fazendo um mutirão para recolher os produtos. "Desde semana passada, por medida de segurança, nos unimos aos técnicos do governo para retirar esses produtos do mercado. Na verdade, o problema já foi resolvido. Estamos apenas fazendo exames e análises nos produtos para saber se eles estão fora de perigo e para podermos voltar a produzir e comercializar os produtos", afirmou ele.
Entenda o caso
A suspeita ocorreu após oito crianças ficarem doentes em três cidades de Santa Catarina. Elas estavam com o mesmo sintoma: apresentavam a região peitoral arroxeada.
Benjamim, de um ano e 10 meses, chegou na quinta-feira (20) desacordado ao Hospital Infantil de Florianópolis e foi internado às pressas. "Estava com as mãos roxas, vermelhas. A boca e os pés também", afirma Walter Britos, pai do menino. No mesmo dia, mais duas crianças chegaram com as mesmas características à unidade de saúde.
Segundo Roberto Souza Morais, diretor do hospital, o quadro é estranho e preocupante. "Eram crianças saudáveis previamente, e que, de súbito, apresentaram um quadro de ficarem arroxeadas perto da boca, nas extremidades, muito pálidas e com muita falta de ar. Eram casos graves realmente", diz.
Na noite de sexta-feira (21), foi confirmado o diagnóstico de metemoglobinemia - uma alteração no sangue que pode levar à morte e que, geralmente, é provocada pelo consumo de algum produto.
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