Teste encontra pelo de rato em castanhas e uvas-passas em SP
A Associação de Consumidores (ProTeste) detectou pelo de rato em amostras de uvas-passas escuras e de castanhas-do-pará sem casca vendidas na capital paulista.
As amostras foram coletadas na Cerealista Helena, no Brás (região central), e no supermercado Pão de Açúcar, na Vila Mariana (zona sul). Os estabelecimentos estavam sendo notificados ontem.
A ProTeste enviou ofício à Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde) de São Paulo e à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pedindo a retirada dos produtos do mercado. O departamento de polícia que investiga infrações contra o consumidor e contra a saúde pública também foi acionado.
Os roedores (ratos, camundongos e ratazanas) são vetores de vírus e bactérias. Por meio do pelo, fezes ou urina podem transmitir doenças como leptospirose, salmonelose e hantavirose.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) já catalogou cerca de 200 doenças transmissíveis por roedores.
"É uma situação muito preocupante porque essas doenças podem ser letais. Mas é possível que os produtos passem por processos, como o de secagem, que minimizem o risco de contaminação", afirma o clínico-geral Paulo Olzon, professor da Unifesp.
RESULTADOS
A olho nu, o consumidor não consegue identificar os pelos do roedor, segundo Manuela Dias, técnica da ProTeste responsável pela análise.
Ela explica que as amostras foram recolhidas em junho. Só agora saíram os primeiros resultados.
"Pela legislação, temos a obrigação de alertar e pedir providências no momento em que tomamos conhecimento de um problema que representa risco à saúde pública."
Outros estabelecimentos foram visitados, mas a associação não quis divulgar os nomes porque os resultados ainda não estão prontos.
Manuela Dias diz que um dos lotes (de uva-passa, vendida a granel, do Pão de Açúcar) já venceu, e o produto não está à venda.
Mas outros dois (de castanha-do-pará sem casca, da marca Qualitá, do Pão de Açúcar, e de uva-passa escura, vendida a granel, da Cerealista Santa Helena) valem até outubro.
De acordo com a ProTeste, a presença de pelos de roedores nos alimentos mostra "grave falha" na implementação das boas práticas de fabricação.
OUTRO LADO
O Pão de Açúcar informou que ainda não havia sido notificado sobre a análise feita pela ProTeste, que encontrou pelos de rato em uma de suas lojas, em unidade que fica na Vila Mariana (zona sul de São Paulo).
Por esta razão, o Pão de Açúcar não poderia se manifestar sobre os testes.
A nota enviada pelo grupo ressaltou que a rede Pão de Açúcar "possui rigorosos processos de controle de qualidade de seus produtos e fornecedores".
Wagner Costa, um dos gerentes da Cerealista Helena, que fica na região central de São Paulo, contesta o levantamento feito pela associação Proteste.
"O controle aqui é imenso", diz ele sobre um possível contato de alimentos com animais.
De acordo com Costa, as uvas-passas vendidas são importadas da Argentina e chegam já com laudos do importador atestando a qualidade do produto.
"Não vi a amostra, não tenho nenhuma nota fiscal que comprove a compra deles [fiscais da ProTeste], não tenho a análise na minha mão. Nada que comprove o que dizem", afirmou.
Ele afirma ainda que o estoque e a limpeza do estabelecimento são feitos com rigor e qualidade.
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