Trabalho infantil ainda é registrado em lixão
MP determinou sexta-feira passada o resgate de crianças e adolescentes do local
Depois de constatar trabalho infantil no 'Lixão
Cajazeiras', localizado nas proximidades do bairro Santo Helena, o Ministério
Público Estadual determinou que a Prefeitura Municipal de Mossoró promovesse em
48 horas o resgate de todas as crianças e adolescentes que trabalham e
frequentam o lixão.
Além de recolher, o MP determina que o município realize exame médico em todas
as crianças que trabalhavam lá, implante no prazo de 10 dias um plano de rondas
periódicas pela área do bairro Santa Helena e que promova a inclusão social dos
filhos e filhas dos catadores de lixo em programas sociais.
Apesar de a determinação ter sido divulgada na sexta-feira, 27, pelo site do
próprio Ministério público e a notícia ter sido repercutida na imprensa local,
a PMM ainda não acatou a determinação e a equipe de reportagem da GAZETA DO
OESTE flagrou a presença de crianças no lixão na tarde de ontem.
Apesar de estar desativado há alguns anos, o 'Lixão Cajazeiras' continua sendo
explorado por algumas famílias. Elas vão ao local em busca de plástico, ferro,
alumínio, entre outros objetos que possam ser vendidos e ajudem no sustento.
Segundo Dalvanice de Oliveira Teixeira, uma das catadoras do lixão, a vida como
catadora está cada vez pior, pois são menos objetos que podem ser reciclados
que chegam até lá. Ela conta que já frequenta o lixão há 10 anos e não ver
outra saída para sobreviver.
"A gente procura plástico, ferro e tudo que pode ser reaproveitado ou
vendido. Todo dia a gente vem ao lixão e passa fazendo a coleta nas ruas
também. Hoje é até melhor achar as coisas no lixo da rua do que no do
lixão", informa.
Para Francisco das Chagas Teixeira, filho da dona Dalvanice, o dinheiro que
arrecada com o material do lixão é tão pouco que se não conseguir material no
lixo da rua não dá para sustentar a família.
"Além da dificuldade de conseguir sustentar a casa, tem o lado de
discriminação de algumas pessoas. Tem muita gente boa que ajuda, mas tem muita
que tem preconceito com a gente. Essa vida não é uma vida fácil. É ter fé para
ela melhorar", declara.
Conforme o MP, além de expor pessoas a malefícios, o lixão também acarreta
danos ao meio ambiente, como a destruição da flora benéfica ao solo,
compactação e diminuição da cobertura vegetal, havendo ainda poluição das águas
superficiais e do aquífero.
Nossa equipe de reportagem tentou entrar em contato com a Gerência de
Desenvolvimento Social e a Gerência de Saúde para saber quais as providências
que estão sendo tomadas com relação à
determinação do Ministério Público, porém não obteve êxito.
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