quinta-feira, 8 de abril de 2021

Potiguares Podem Precisar de uma Terceira Dose da Vacina Contra Covid-19



 O Brasil enfrenta o momento mais crítico da pandemia enquanto segue um ritmo ainda considerado lento de vacinação contra a Covid-19. Até terça-feira 6, 20.828.398 pessoas haviam recebido a primeira dose de imunizante, ou seja, 9,84% da população brasileira – tendo apenas 2,78% dos brasileiros imunizados com a segunda dose, de acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa.

Em meio à alta de internações e mortes, o País se transformou em um verdadeiro celeiro de novas cepas do coronavírus. Uma análise da Fiocruz mostra que o vírus e suas variantes permanecem em circulação intensa, com aceleração da transmissão devido ao acúmulo de casos e ao baixo nível de proteção.

O cenário no Rio Grande do Norte não é diferente. Desde 18 de fevereiro, a taxa de ocupação de leitos críticos Covid se mantém acima de 80% no Estado. Março terminou sendo o mês mais letal da pandemia em 2021, tendo registrado 906 óbitos em decorrência da Covid-19. Nesta terça-feira 6, o RN ultrapassou a marca de 200 mil infectados.

Na campanha estadual de vacinação, guiada pelo Governo Federal, são utilizadas apenas dois imunizantes: a Coronavac, da farmacêutica chinesa Sinovac, produzida em parceria com o Instituto Butantan, e a vacina desenvolvida em uma parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica britânica AstraZeneca. Ambas são aplicadas em duas doses, com intervalos de tempo diferentes.

Recentemente, pesquisadores alertaram para a possível necessidade de reforço da Coronavac – através da aplicação de uma terceira dose do imunizante. Os cientistas do Chile e da Sinovac publicaram resultados interinos coletados em estudo de fase 3 realizado no País da América do Sul, que indicam que a Coronavac é capaz de gerar anticorpos neutralizantes, aqueles que são capazes de bloquear a entrada do vírus na célula humana, tanto em jovens quanto em pessoas mais velhas, mas a quantidade gerada é muito baixa.

Os cientistas também tentaram medir a resposta das células T em pessoas vacinadas, mas os resultados, apesar de positivos, não parecem ser suficientes para concluir que a Coronavac produz uma resposta celular potente. A conclusão é de que os vacinados no Chile com a Coronavac possuem os anticorpos necessários para combater o Sars-CoV-2, mas em baixa quantidade, o que está de acordo com a baixa eficácia da vacina (50%).

Outro estudo clínico em fase 3 sobre a Coronavac realizado pelo Instituto Milênio de Imunologia e Imunoterapia (IMII) e pela Universidade Católica chilena indicou que a porcentagem de pessoas que tiveram anticorpos após a segunda dose é de 90%. Entretanto, o relatório aponta que, 42 dias após a segunda dose, o número de pacientes que tinham anticorpos contra o vírus no grupo de adultos com mais de 60 anos de idade diminuiu para 87,5%.

Por isso, os especialistas acreditam que o processo de vacinação com a CoronaVac deve ser feito com mais de duas doses. “É algo que deve ser avaliado e é esperado que ocorra em certos pacientes, não apenas nos idosos, mas também em alguns imunocomprometidos”, disse Nicolás Muena, especialista em vacinas e virologista da Fundação Ciência e Vida, à Agência Efe.

A professora de Imunologia do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFRN, Janeusa Trindade, afirmou que ainda é cedo para discutir a possibilidade de administração de uma dose extra. “Primeiro, precisamos avaliar se vai ser necessário essa imunização, através de estudos que já estão sendo feitos. As pessoas que receberam a Coronavac ainda na fase de teste precisam ser avaliadas para mostrar que elas têm anticorpos e respostas imunológicas. Se essas pessoas mostrarem que são resistentes a essas variantes que estão circulando, não vamos precisar fazer um reforço agora. Daqui a um ano, talvez”, pontuou.

A especialista frisou ainda que, caso haja necessidade, o reforço não será feito com imunizantes diferentes, produzidos por outras farmacêuticas. “Isso porque não foram feitos testes de intercambialidade de vacinas, mostrando que uma outra vacina que não aquela originalmente tomada pode estimular o outro imunizante. Por exemplo, a vacina da Pfizer estimular as células que foram previamente estimuladas pela Coronavac”.


* Agora RN

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