terça-feira, 10 de setembro de 2013

EMPRESÁRIA: COMPARAÇÃO À CHORÃO INCOMODAVA CHAMPIGNON

Luiz Fernando Menezes/UOL

O músico Luiz Carlos Leão Duarte Junior, de 35 anos, o Champignon, ex-baixista do Charlie Brown Jr., estava chateado com as críticas à nova banda, A Banca, e com as comparações com o ex-companheiro e amigo Chorão, segundo os relatos da empresária das duas bandas, Samantha Jesus, e do guitarrista Marcão durante o velório do músico nesta segunda-feira (9).

 "Ele já mostrava um descontentamento, mas nada que chegasse a esse ponto. Estava se sentindo muito pressionado pelas coisas que todos diziam, a comparação com o Chorão feita por vários fãs, era muito visível que isto estava incomodando ele. Eu acredito que foi um pontinho que começou, mas nunca ninguém imaginava esse desfecho, até porque ele não tinha um comportamento depressivo", disse Samantha.
Segundo a empresária, as irritações com algumas críticas vinham deixando Chapignon "um pouquinho mais exaltado, um pouco mais bravo".
"Não, foram só essas situações que levaram a isso, mas também  a morte do amigo Chorão, a questão da gente ter que resolver um novo futuro e decidir montar uma outra banda  e com um outro nome. Enfim toda essa pressão dele ter que largar o baixo e assumir o vocal, acredito que ele não aguentou tudo isso", opinou.
Marcão, que também acompanhou o colega nas duas bandas, disse que a morte é um choque muito grande justamente por ser "um cara muito alto astral, um cara muito bom, um cara muito divertido".
O guitarrista disse que os integrantes da banda sabiam do desafio de continuar e encarar o público do Charlie Brown e que deixar de tocar baixo – em A Banca, a baixista Lena assumiu o instrumento, enquanto Champignon ficou apenas nos vocais – foi "uma atitude corajosa".
"A gente sabia que iria ser cobrado, que ele principalmente iria sofrer uma pressão muito grande, até porque todo mundo continuou a fazer sua função como músico e ele não. Ele foi pra frente, largar o baixo foi uma atitude extremamente corajosa e olha que ele amava aquele baixo. E, por isso, ele deve ter tido seus momentos difíceis com relação às criticas dessa nova situação", disse Marcão.
Apesar disso, o guitarrista acredita que a ideia de acabar com a própria vida não passava pela cabeça do amigo. "Não dava para passar pela cabeça imaginar isso e acredito que nem da dele. A verdade é que deve ter sido aqueles cinco minutos de fúria, que ele perdeu o controle, ou por um motivo ou por vários", afirmou. E completou que qualquer tentativa de encontrar a causa do ato é perigosa.
"É importante as pessoas tomarem muito cuidado com todas essas informações para que não se determine em vão que isso possa ter sido a causa, porque pra mim tudo isso é muito complexo, ninguém aqui tem o direito de teoriza aquilo que não se tem certeza, então vou me limitar a isso que eu falei, mas não deixo de observar que os problemas que ele estava enfrentando são problemas comuns que todo mundo tem um pouco".
Em entrevista ao programa "Encontro com Fátima Bernardes", nesta terça-feira (10), a irmã de Champignon, Eliane Duarte, falou que o baixista via Chorão como a um pai e que a morte do vocalista do Charlie Brown Jr não foi superada pelo melhor amigo. "O filho não puxa ao pai? Foi isso o que aconteceu", disse ela. Eliane também contou que ficou preocupada com o teor da última conversa que teve com o irmão. "Ele dizia que estava muito triste e que se sentia sozinho e sem amigos".  
Entenda o caso
Champignon foi encontrado morto no início da madrugada desta segunda, em seu apartamento, com um tiro no lado direito na cabeça. Segundo o boletim de ocorrência registrado no 89º Distrito Policial de São Paulo, em depoimento prestado pela viúva do músico, Cláudia Campos, ele ingeriu saquê no restaurante que jantou na noite de domingo com a mulher e o casal de amigos Oscar e Juliana.

Ainda segundo o documento, foram consumidas duas garrafas de saquê no restaurante, mas não especifica se todos beberam ou apenas Champignon. Durante o jantar, a mulher --grávida de cinco meses-- contou que ela e o marido tiveram uma discussão e, ao chegar em casa, o músico se dirigiu para o estúdio/escritório e não deixou que ela entrasse no cômodo. Em seguida, ela ouviu dois disparos e o corpo caindo ao chão.
Segundo a delegada Milena Suegama, do 89º Distrito Policial, ele deu dois disparos com uma pistola calibre 380. O primeiro tiro teria sido um teste e foi feito em direção ao chão, e o segundo foi do lado direito da cabeça. A polícia trabalha com a hipótese de suicídio.
Testemunho de vizinhos
Vizinho de Champignon, o corretor de imóveis Alexandre Banaion relatou que ouviu um barulho de tiro vindo do apartamento do músico por volta da meia-noite, seguido de gritos da mulher e latidos do cachorro do casal. Ele foi até a casa, onde encontrou a mulher do músico chorando e gritando: "Amor, você não fez isso".

Muito nervosa, Cláudia contou à delegada que discutiu com Champignon, mas declarou que o marido não era um homem agressivo e não usava drogas ou medicamentos controlados. Ela foi levada para um hospital em estado de choque por volta das 2h30 e liberada às 6h40. Champignon tinha ainda uma filha de 7 anos de seu primeiro casamento, e segundo um tio a menina está com a mãe e já sabe da morte do pai.
A pistola, outra arma, celulares e computadores foram apreendidos. A delegada informou que não encontrou qualquer vestígio de drogas no apartamento. Familiares disseram à polícia que o músico estava chateado com a imprensa, por conta das críticas negativas sobre a nova banda, A Banca.
O síndico do prédio esteve na delegacia para entregar imagens das câmeras de segurança. Em entrevista ao "SPTV", da Rede Globo, ele admitiu que uma imagem pode levantar suspeita de agressão. "Prefiro não comentar. Eu vou deixar por conta da doutora [delegada]", declarou Gino Castro.
* Reprodução Márcio Melo

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