Agência de águas recomenda faixa mínima de 30 metros de vegetação nas margens de rios
Brasília – A faixa de vegetação nas margens dos rios brasileiros tem
que ser de, no mínimo, 30 metros, e o governo terá que criar políticas
para reduzir os prejuízos dos agricultores, principalmente de pequenas
propriedades, com a recuperação dessas áreas. Essa é a conclusão de um
estudo apresentado pela Agência Nacional de Águas (ANA) ao Palácio do
Planalto, que vai manifestar, nos próximos dias, o posicionamento sobre o
novo Código Florestal. O projeto de lei aprovado no Congresso Nacional
está na mesa da presidenta Dilma Rousseff, que vai decidir sobre a
sanção ou o veto.
O texto elaborado pelo Senado Federal, depois alterado e aprovado na
Câmara dos Deputados, já considerava a recomendação da ANA nos casos
permanentes, a partir de 2008. A polêmica recai sobre os casos
anteriores a essa data, envolvendo proprietários de terras que terão que
recuperar áreas desmatadas.
“As áreas de proteção permanente [APPs] hídricas protegem encostas,
impedem o carreamento de sedimentos para a água, conservam a qualidade
da água e formam corredores para animais. A faixa mínima de 30 metros
cumpre algumas dessas funções, como proteção de encostas”, explicou o
diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu.
Segundo ele, são essas funções que devem definir o quanto se deve
recuperar e, não, a largura dos rios. “A largura dos rios é uma medida
para fiscalizar, mas não é determinante. Os rios menores, como estão em
áreas de encosta e nas margens mais altas, precisam de mais proteção
porque são mais sensíveis aos efeitos. Quando [o projeto] fala em 30
metros é para o Rio São Francisco, mas também para córregos.”
Andreu reconhece que a decisão vai exigir sensibilidade política.
Nos casos de pequenas propriedades, o impacto da recuperação de faixas
de vegetação dessa extensão pode significar grandes perdas. Mas, para
ele, é possível equalizar a questão com medidas políticas. “Não será uma
proposta que agrada a todos, mas acho que será possível buscar uma
solução que atenda às funções que se esperam com as APPs e a situação
dos agricultores familiares. O grande problema é que quando se busca
saída para os pequenos acaba contemplando os agricultores que têm
condições de superar essas mudanças”, alertou.
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