Além dos 11 passageiros, três deles italianos, dois marinheiros albaneses que ajudaram os socorristas morreram, vítimas do rompimento de um cabo de reboque.
Mas entre os destroços provavelmente há mais vítimas, disse nesta terça-feira (30) o procurador de Bari (sudeste italiano), Giuseppe Volpe, responsável pela investigação do acidente.
A presença de clandestinos a bordo passou a ser dada como certa, três deles já identificados: dois afegãos e um sírio que havia pedido asilo político, segundo o procurador.
Mas havia sem dúvidas mais passageiros clandestinos escondidos entre as cargas transportadas pelo Norman Atlantic, explicou Volpe. O incêndio começou justamente no nível das pontes inferiores, onde estavam os contêineres.
A esta incerteza somam-se as perguntas sobre eventuais desparecidos, já que não se sabe o número certo de passageiros a bordo do ferry.
A única certeza é que 427 pessoas, incluindo os 56 tripulantes, foram salvos das chamas durante uma operação de salvamento "sem precedentes", segundo as autoridades italianas.
O ferry, totalmente evacuado depois da saída de seu comandante, o último a abandonar o barco, será rebocado para o porto de Brindisi, sudeste da Itália, cerca de 75 km do local do acidente --ocorrido ao longo da costa albanesa.
A operação de evacuação do barco terminou na noite de segunda-feira, mas dezenas de passageiros continuavam esperando nesta terça-feira pela manhã seu retorno à terra firme.
O barco militar italiano San Giorgio, que recebeu a bordo mais de 180 sobreviventes, só chegará a Brindisi no início da noite desta terça --a região foi atingida por uma forte tempestade de neve.
Mesmo assim, as buscas por eventuais desaparecidos continuam --segundo a marinha italiana.
Um cargueiro com capacidade de cerca de 50 passageiros a mais do que o Norman Atlantic é aguardado nesta terça-feira em Taranto, sul da Itália.
Muitos dos sobreviventes saíram ilesos, mas alguns apresentaram sintomas de hipotermia e problemas respiratórios.
Dúvidas na lista de passageiros
A lista de embarque do Norman Atlantic, de bandeira italiana e fretado pela companhia grega Anek, indicava, em um primeiro momento, 478 pessoas a bordo, das quais 422 eram passageiros. No entanto, a companhia alterou esse número para 475 no início da noite de segunda-feira.
"É absolutamente prematuro falar de desaparecidos", disse na segunda-feira o ministro italiano do Transporte, Maurizio Lupi, destacando as dúvidas sobre a exatidão da lista de embarque.
Dos 371 passageiros resgatados, 234 eram gregos, 54 turcos, 22 albaneses, 22 italianos e dez suíços, sem contar as outras nacionalidades --além de dois cães que foram recuperados.
"Nove dos dez franceses que se encontravam a bordo foram localizados e socorridos", informou o governo francês, que não deu detalhes sobre o décimo.
As autoridades marítimas italianas, gregas e albanesas realizam buscas desde a manhã de domingo em um corrida contra o tempo para resgatar centenas de homens, mulheres e crianças em meio a ventos glaciais e a uma espessa fumaça que atrapalhou durante muito tempo os socorristas.
A justiça italiana tenta agora esclarecer as circunstâncias da tragédia e apontar os responsáveis. Alguns passageiros já denunciaram a falta de preparo dos tripulantes.
Nenhum alerta feito
"Foi o caos lá dentro, porque éramos mais de 400 pessoas que tinham que sair por uma única saída de emergência", contou, emocionada, a jovem grega Urania Thiréou, agora abrigada no hotel Nettuno, em Brindisi, após ser socorrida.
Outros, como a cantora grega Dimitra Theodossiou, denunciaram na imprensa a brutalidade de alguns passageiros, decididos a ser os primeiros a embarcar.
"Eles passaram à frente, empurrando as mulheres para pegarem os primeiros helicópteros", afirmou Theodossiou, ressaltando a falta de comando por parte da tripulação.
A investigação aponta o comandante, considerado pelos meios de comunicação nacionais um herói, e o chefe-executivo da embarcação como responsáveis pelo "naufrágio" e por "homicídios culposos".
"A justiça deve esclarecer as causas e as circunstâncias do acidente", declarou o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, em Tirana, durante rápida visita à Albânia nesta terça-feira.
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