Bruno Caldas trabalha em São Miguel do Gostoso há 6 meses (Foto: Fernanda Zauli/G1) |
O município de São Miguel do Gostoso, localizado no litoral norte do Rio Grande do Norte, vai receber um médico italiano através do Programa Mais Médicos, mas os profissionais da saúde que já atuam na cidade são contra o programa. Das quatro equipes do Programa Saúde da Família (PSF) do município, uma está sem médico há pelo menos seis meses. O italiano Paolo Biadene vai compor essa equipe.
O médico Bruno Caldas, que trabalha no PSF de São Miguel do Gostoso, diz acreditar que a população local vai receber bem o italiano. "O povo deve recebê-lo bem, sim, mas os médicos, que são mais esclarecidos, não veem isso com bons olhos. Para mim, o investimento realizado pelo Governo Federal no Programa Mais Médicos poderia ser revertido para melhorar a estrutura das unidades de saúde e a remuneração dos médicos que já atuam no interior. É estressante, é frustrante não conseguir exercer a medicina por falta de materiais, por falta de condições”.
Segundo ele, o Programa Mais Médicos é uma “tentativa do governo de calar a população que está sem médico há tempos”. “Eu não entendo o que um médico de um país desenvolvido, um país de primeiro mundo, que tem uma estrutura muito melhor na saúde pública, vem fazer aqui no Brasil. E se eu quisesse trabalhar no país dele, eu teria a mesma facilidade para atuar lá?”, questionou.
A médica paulistana Liliana Pellegrini garantiu que vai receber bem o colega italiano. Ela trabalha em uma das equipes do PSF de São Miguel do Gostoso há um ano e meio. Liliana é contratada diretamente pela prefeitura do município e também critica o programa do Governo Federal. “Vou receber esse estrangeiro bem, porque, na verdade, ele não é culpado de nada. Mas eu sou terminantemente contra o Programa Mais Médicos. Acho que, além de desnecessário, é uma total falta de respeito com os médicos do Brasil. O governo atual está demonizando os profissionais brasileiros. Existem médicos no nosso país que querem trabalhar no interior e eu sou uma dessas. Estou em São Miguel do Gostoso há um ano e meio. O que os médicos brasileiros querem é condições de trabalho e salário decente”, disse.
Apesar de ser contra o programa e a chegada de médicos estrangeiros no país, Bruno Caldas acredita que o médico italiano Paolo Biadene será bem recebido pela população de São Miguel do Gostoso. “A população, com certeza, vai recebê-lo com alegria porque há muito tempo eles estão sem médico. Além disso, a população em geral não entende o prejuízo que é trazer um médico que nem sequer entende a nossa língua”, afirmou.
Para a secretária de Saúde do Município, Teresa Neri, o Programa Mais Médicos pode resolver o problema de muitas cidades que não conseguem contratar profissionais da saúde. “Está todo mundo acreditando muito nesses profissionais que vêm de fora. Nós enfrentamos muitas dificuldades para contratar médicos e com esse programa a demanda dos municípios mais distantes será atendida”, disse.
* Reprodução Márcio Melo via G1/RN
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