Petição solicita a paralização do Projeto de Irrigação da Chapada do Apodi
A
Chapada Apodi – RN tem a segunda maior produção agroecológica nacional,
onde milhares de famílias subsistem nos 49 % do território rural da
cidade, de maneira totalmente alternativa e livre de agrotóxicos. São
mais de 500 famílias que vivem na chapada do Apodi, que construíram seus
valores, seus vínculos de amizade, seu trabalho aos moldes da
agricultura familiar e, se veem agora ameaçados em sua integridade
psicológica e raízes que lapidaram em extrema consonância com o clima
semiárido, para dar lugar a um projeto do capital, que descabidamente
dará lucro as multinacionais.
Este
projeto O projeto, capitaneado pelo Departamento Nacional de Obras
Contra as Secas -DNOCS, consiste na desapropriação de 13.855 ha (treze
mil oitocentos e cinquenta e cinco) hectares para a implementação de um
programa de fruticultura irrigada sob o comando de quatro grandes
empresas, deslocando de maneira forçada cerca de 6.000,00 (seis mil
agricultores) que vivem em 30 comunidades na região acerca de cinquenta
anos. A possível implantação do projeto será o fator de desarticulação
da experiência agroecológica e de agricultura familiar ao priorizar a
monocultura e a exploração de grandes extensões de terra, com grande
utilização de agrotóxicos, causando diversos problemas aos recursos
naturais e à vida humana. Representará, também, a implosão de um grave
problema social, já que as indenizações a serem pagas aos agricultores
serão em valores ínfimos, impossibilitando-os de ter nova moradia e
outra forma de sustento.
Considerando
que o DNOCS, impõe o projeto do “Perímetro Irrigado da Chapada do
Apodi”, o qual, tem por objetivo o cultivo de frutas com o uso de
insumos agrícolas (agrotóxicos), cercamento das áreas irrigadas e
destinação das terras prioritariamente a grandes multinacionais.
Deve-se
ponderar ainda, que para que se efetive esse projeto, uma média de 300
famílias serão desapropriadas, tendo suas terras compradas por valores
irrisórios (média de R$ 700,00 por ha), seus direitos a propriedade
imaterial, posse direta, dignidade cultural, competitividade no mercado
violados e que todo o processo de licenciamento é questionável no âmbito
jurídico, técnico e ambiental.
Além
disso, o Relatório de Impactos Ambientais – RIMA, é totalmente
negligente quanto a presença de um importante sítio arqueológico
existente na região, o Lajedo de Soledade, onde podemos encontrar várias
pinturas rupestres com datações que extrapolam os 10.000 anos de idade,
representando um significativo registro do homem pré-histórico
nordestino. O próprio RIMA cita que o Lajedo de Soledade está situado
dentro da área impactada do projeto, no entanto omite maiores detalhes
sobre quais impactos e quais ações mitigadores deverão ser tomadas,
quanto a estes impactos, sendo desprezada qualquer outra informação
sobre o Lajedo.
Entre
os vários pontos que não foram elucidados, temos a incerteza da origem
da água que abastecerá o empreendimento, sendo que em alguns pontos o
RIMA mencionar que as águas utilizadas virão do reservatório de Santa
Cruz do Apodi, e, no mesmo documento, as águas que serão empregadas,
será as do projeto de transposição do Rio São Francisco, que ainda não
tem perspectiva para chegar até a região da Chapada do Apodi. Somado a
esses problemas, temos ainda o baixo potencial hídrico de abastecimento
da obra, que de acordo com o próprio RIMA, as águas que abastecerão o
perímetro irrigado só estarão disponíveis por apenas 5 anos, sendo que
após isso, a região não terá mais condições hídricas de sustentar uma
obra com tal demanda. Para assinar Clique aqui.
Fonte: Agnaldo Fernandes/Cassinho Morais/Cidade News Itaú
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