sábado, 1 de junho de 2013

Lula me disse que não tem como eu não ser candidato, diz Suplicy



Uma prévia aberta "não apenas aos filiados, mas aos eleitores em geral" é a resposta do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), 71, ao suposto plano da cúpula do PT de sacrificá-lo em 2014, em troca de uma coligação mais ampla.
No ano que vem, quando o Senado renovará um terço das cadeiras, Suplicy pretende disputar seu quarto mandato consecutivo no Senado --se conseguir a única vaga da coligação petista.
No dia 6, o senador conseguiu 15 minutos com Lula, surpreendendo-o em seu escritório em São Paulo. A ideia de procurar o ex-presidente sem agendar partiu do filho Supla, ao pai, que tentava ser recebido havia meses

*
Folha - Qual sentimento o sr. teve ao saber que o PT fez reunião para discutir a sucessão no Senado sem convidá-lo?


Eduardo Suplicy - Durante o final de semana, eu pensei bastante, conversei com meus filhos, com a Mônica Dalari [namorada do senador], fui comer uma pizza com o Supla e a namorada dele. Pensei em escrever uma carta aberta. O Supla me disse: "Pai, porque você não vai lá? Fala com ele. Você é amigo do Lula".


É constrangedor ter que pedir para participar da discussão?


É próprio reivindicar que possa ser ouvido, como meus filhos sugeriram. Não acho absurdo. Teria sido gentil da parte deles ter me convidado àquela reunião, pois discutiram a candidatura ao cargo onde estou. Teria sido gentil.


O que o sr. pediu a Lula?


Fiz uma visita de surpresa. Disse que soube da reunião onde consideraram a hipótese de eventualmente ceder a vaga a outro partido. Lembrei das fortes raízes que tenho com o PT e com ele próprio. O Lula me disse: "Eduardo, não há possibilidade senão de você ser candidato ao Senado".


Por que de surpresa?


Fui de surpresa porque fazia tempo que estava pedindo e não era marcado. Liguei, já estava no caminho, disse à secretária que estava indo lá. Disse que precisava só de dois minutos e ele me recebeu por 15. Ele sabia que há dois, três meses eu vinha pedindo a oportunidade de um diálogo.
O sr. disse a Lula que só desiste da prévia se ele concorrer?

Ele falou: "Eduardo, eu não vou ser candidato. Quero ajudar o partido, a Dilma".


O sr. concorreria à Câmara?


É claro que é uma boa coisa, me sinto honrado de acharem que eu poderia ter uma ótima votação. Só que considero que será bom o partido pensar bem. Considerando que os demais partidos terão candidatos muito fortes [ao Senado], acho que sou um candidato forte também. É muito bom para o fortalecimento da presidenta em São Paulo ser apoiada por um candidato ao Senado forte, se possível do PT.


Qual a garantia que o senhor tem de que será candidato?


Na segunda, o Rui Falcão [presidente nacional do PT] me ligou e disse que, por enquanto, o candidato sou eu. Chegou a mencionar como exemplo que o presidente do PSD, um dos partidos coligados, queira propor que a vaga ao Senado seja do PSD.


O sr. admite disputar a vaga de candidato ao Senado?


Pelo menos 15 ou 20 pessoas poderiam ser candidatas dentro do PT, ser eleitas e se tornar brilhantes senadores. Defendo uma prévia aberta, não apenas aos filiados, mas até aos eleitores em geral.


Se um grupo restrito decidir o candidato, o sr. deixa o PT?


Não vai ser assim. Acredito na força da base do partido, da militância e na voz do povo. Vai ser um processo natural de escolha. As pessoas estão sendo ouvidas.

* Márcio Melo via Uol/Folha de SP

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