A aproximação dos megaeventos esportivos no Brasil fez com que o mercado esportivo iniciasse uma profunda mudança. Passados cinco anos da escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo, e três do Rio para as Olimpíadas, o que mais se observa por aqui é que, mais uma vez, a Globo esteve à frente de todos os outros e tomou o espaço que ainda havia disponível no mercado.
Hoje, diversas empresas pertencentes às Organizações Globo são cada vez mais donas de diferentes segmentos do esporte brasileiro.
Um exemplo claro e evidente é o futebol, com a empresa detendo os direitos de transmissão nas TVs aberta, fechada, pay-per-view, comercialização de placas de publicidade, telefonia celular, promoções atreladas ao Brasileirão, etc. Tudo o que diz respeito à Série A do Brasileiro precisa passar pelo crivo da Globo.
Com o fim das Olimpíadas de Londres, quando não teve os direitos sobre o evento na TV aberta, a Globo expandiu seus tentáculos para outros esportes. O vôlei, por exemplo, entregou a comercialização de seus contratos de patrocínio para o departamento de marketing esportivo da Globo, que por sua vez é sócia do Novo Basquete Brasil (NBB) e, também, da Stock Car. Isso sem falar na parceria antiga com o GP do Brasil de Fórmula 1.
O caso mais recente é com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Nesta semana a entidade divulgou seu calendário de 2013, e a principal mudança é que todas as competições vão acabar no sábado. O motivo? Para atender à Globo, que quer exibir reportagens da natação no “Esporte Espetacular” aos domingos (a reportagem pode ser lida aqui).
Agora, com a Geo Eventos, as Organizações Globo também passaram a ser produtoras de eventos. A despedida de Marcos no Palmeiras, e as provas de corridas de rua dos quatro clubes de maior torcida de São Paulo são exemplos recentes. Da mesma forma, a empresa gerencia os camarotes dos estádios de São Januário, Rio Stadium (o Engenhão) e vai financiar e gerenciar uma nova área vip no Couto Pereira, do Coritiba.
Do jeito que as coisas caminham, perderemos um dos maiores legados que os megaeventos poderiam trazer, que seria a profissionalização de quem trabalha com o esporte, que se fortaleceria e passaria a ser dono de suas propriedades comerciais. Aos poucos, a Globo tem amarrado contratualmente diferentes segmentos do esporte, o que inviabiliza no médio prazo a profissionalização das entidades esportivas e, pior ainda, amarra o esporte à emissora.
Em tempo, se há um “culpado” nessa história, ele definitivamente não é a Globo, que percebeu que para ser líder num mercado de mídia cada vez mais modificado, ela precisa ser muito mais do que uma empresa de mídia e passar a ser produtora de conteúdo de qualidade. O canal para desovar esse conteúdo ela tem e é o mais forte do país. O problema é o esporte não ter percebido que, na verdade, ele que poderia ser a empresa geradora de conteúdo para a mídia.
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