Ceará e Piauí têm a pior seca em décadas
Ceará e Piauí enfrentam a pior seca das últimas décadas. O retrato no interior dos Estados é de desolação, com gado morto e safras de milho, feijão e arroz perdidas. Os prejuízos na agricultura dos dois Estados atingem 90% da produção.
No Piauí, o trabalhador rural está sobrevivendo dos programas do governo, como a Bolsa Estiagem, Bolsa Família e Seguro-safra. Eles não têm o que comer e falta água para consumo humano e animal. De 224 municípios, 184 prefeitos do Estado decretaram estado de emergência.
O agricultor Francisco Rufino, de Solonópole, no Ceará, teve de sair do campo e migrar para a cidade para sobreviver com o seguro-safra que recebeu. "Não dava mais para continuar no campo. Não tinha uma gota de água sequer", lamenta.
As pessoas que vivem no semiárido do Piauí dividem os pontos de água com os animais. A água não tem mais qualidade, por causa do baixo nível dos reservatórios. Ela já se mistura ao barro em razão da evaporação natural sob um sol de 40 graus e a coleta é feita pelos populares e pelos carros-pipa.
No município de Caracol, a 605 quilômetros de Teresina, um homem cometeu suicídio. Ele morava na zona rural e teve muitos prejuízos com a seca. "Nos últimos 50 anos, esta é a pior seca nesta região", lembra o frade franciscano Frei Jonecildo da Silva Cruz.
Em Picos, a 306 quilômetros de Teresina, o criador Rovilson Leal Pereira, morador do povoado Angical dos Domingos, resolveu levar o que restava do rebanho para o município de Elesbão Veloso, cerca de 150 quilômetros de distância, para evitar a morte dos animais. "Aqui não tinha pasto para eles porque não choveu. O gado morreria de fome se eu o deixasse aqui."
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