sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Em PE, trio acusado de canibalismo e mortes chega ao Tribunal de Olinda

Primeira audiência de instrução e julgamento acontece nesta quinta (25).
Testemunhas serão ouvidas; réus não serão interrogados.


Trio acusado de canibalismo é julgado (Trio acusado de serem canibais é julgado (Trio acusado de serem canibais é julgado (Começa julgamento de acusados de canibalismo (Luna Markman / G1 PE))))

Começou pontualmente às 14h (horário local) desta quinta-feira (25), em Olinda, com a leitura da denúncia, a primeira audiência de instrução e julgamento do trio acusado de matar, ocultar e comer partes do cadáver de uma mulher.
Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva são acusados de assassinar Jéssica Camila da Silva Pereira, no ano de 2008, em Olinda. O trio também responde por duas mortes em Garanhuns, no Agreste do estado. Todos os homicídios têm traços de violência, canibalismo e rituais macabros.
Na Comarca de Olinda, o trio responde por três crimes: homicídio quadruplamente qualificado, vilipêndio (violação) e ocultação do cadáver.

A expectativa hoje é escutar as nove testemunhas arroladas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Os três réus chegaram no início da tarde à Vara do Tribunal do Júri da cidade, mas a Justiça impediu que a imprensa os fotografasse. Eles não serão interrogados, apenas compareceram porque têm o direito de participar. A audiência também vai analisar provas apresentadas pela acusação e defesa do trio acusado. A audiência foi maracada pela juíza Maria Segunda Gomes, ainda em setembro.
O MPPE tem 20 testemunhas, mas hoje só serão ouvidas nove. Outras três serão ouvidas posteriormenter, por meio de cartas precatórias enviadas a Garanhuns, Lagoa do Ouro e Igarassu.
Juíza  Maria Segunda Gomes, de Olinda  (Foto: Luna Markman / G1 PE)
Juíza Maria Segunda Gomes, de Olinda.
(Foto: Luna Markman / G1 PE)
Hoje também há possibilidade de ser instaurado um incidente de insanidade mental em relação a Jorge Beltrão. "O advogado dele entrou com o pedido hoje, pelos Correios. Se acatarmos, o HCTP [Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em Itamaracá] terá 45 dias para concluir o laudo", explicou a juíza. Maria Segunda Gomes destacou que o réu já respondeu por um homicídio na Comarca de Olinda, onde foi considerado inocente por falta de provas. "E, naquela época, em nenhum momento, a defesa alegou problemas mentais", disse.
O advogado Paulo Sales, que defende Isabel Cristina da Silveira, conversou com a imprensa. A tese de defesa é a menor participação da ré no crime de Olinda. "Se não for aceita [a tese], vamos defender que ela não teve dolo, não quis matar nem desossar o cadáver. Tudo que ela fez foi por coação de Jorge Beltrão, de quem dependia".
Quem responde no MPPE pelo o caso é a promotora Eliane Gaia. Segundo ela, entre as testemunhas, há dois irmãos de Jorge Beltrão e vizinhos do trio na época em que eles moraram no bairro de Rio Doce, em Olinda. "Essas testemunhas são para comprovar que Jorge Beltrão e Isabel Cristina eram casados, tinham um relacionamento amoroso com Bruna Cristina, que posteriomente se passou por Jéssica Camila, após matá-la, para ficar com a criança dela. Não são testemunhas visuais do crime, mas testemunhas indiretas, que vão comprovar o crime", disse a promotora.
Uma prova pericial do MPPE é o teste de DNA que comprovou que a ossada encontrada na casa que o trio canibal morava em Olinda é de Jéssica Camila. Atualmente, a filha da vítima, que tem cinco anos, está sob a guarda do Conselho Tutelar de Garanhuns, no Agreste do estado.

Entenda o caso
Jéssica Camila da Silva Pereira era moradora de rua, tinha 17 anos, uma filha de um ano e aceitou viver com os acusados. Eles planejaram ficar com a criança depois de matar a mãe. Atualmente, criança está sob os cuidados do Conselho Tutelar e temporariamente sob guarda de uma tia. Em Garanhuns, Giselly Helena da Silva, 31 anos, e Alexandra Falcão da Silva, 20 anos, foram mortas, respectivamente, em fevereiro e março deste ano.
Nos três assassinatos há, segundo a polícia, evidências da prática de canibalismo e rituais macabros. A carne dos corpos das vítimas era fatiada, guardada na geladeira e consumida pelo trio. A criança, inclusive, também teria comido da carne da mãe. Eles teriam até utilizado parte da carne das vítimas para rechear coxinhas e salgadinhos que vendiam em Garanhuns.

Os acusados afirmam fazer parte da seita Cartel, que visa a purificação do mundo e o controle populacional. A ingestão da carne faria parte do processo de purificação. O caso veio a público depois que parentes de Giselly Helena da Silva denunciaram o seu desaparecimento. Os acusado usaram o cartão de crédito da vítima em lojas de Garanhuns e foram localizados. Uma publicação contendo os detalhes dos crimes foi encontrada na casa dos réus. Para a Polícia Civil de Pernambuco, não há possibilidade de outras mortes terem sido praticadas pelo trio no estado.
A pedido da defesa do caso em Garanhuns, o trio passa atualmente por exames para averiguar a sanidade mental, de acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco. O TJPE informa ainda que não existe um prazo para a conclusão do relatório pelos peritos, uma vez que é necessário um estudo detalhado para a conclusão da perícia.

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